Proporcionar atividades ao ar livre e combinar o aprendizado a este cenário tem sido um desafio para professores em diversos países. Muitos projetos e iniciativas já mostram que a escola não precisa se restringir à sala de aula.

Foi pensando neste contexto que o Natural Connections Demonstration Project, um relatório publicado em julho de 2016, na Inglaterra, identificou a dificuldade dos professores em trazer a aprendizagem para fora da sala de aula, em um ambiente natural. O projeto apontou ainda a falta de confiança e suporte deste profissional.

O Natural Connections Demonstration Project iniciou seus trabalhos em 2012 e foi financiado pelo Department for the Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA), Natural England e Historic England e apresentado para escolas no sudoeste da Inglaterra, pela Universidade de Plymouth. O programa trouxe objetivos simples e um propósito gigante: estimular as escolas e professores para o aprendizado fora da sala de aula, em um ambiente natural e local.

A partir do momento que escola e professores obtiveram apoio para construir um planejamento de currículo e de práticas que estimulassem uma aprendizagem de alta qualidade e serviços no ambiente natural para escolas, os desafios começaram a ser vencidos.

À medida que cada escola apresentava suas demandas, dificuldades, aos poucos o programa apresentava estratégias de baixo custo e que se encaixavam em cada realidade.

A conexão com a natureza está associada ao bem-estar, trazer a experiência ao convívio escolar releva bons resultados para a infância 

Para dar início ao projeto, a Universidade de Plymouth concebeu um modelo que operava nos seguintes níveis:

• Construção de redes locais que recrutassem e aperfeiçoassem o trabalho das escolas na mudança cultural;
• Identificação das áreas que vão receber o programa, que neste caso foi o sudoeste da Inglaterra, com “centrais” estabelecidas em áreas de privação múltipla, como Bristol, Cornualha, Somerset norte, Plymouth e Torbay;
• Além disso, também trabalharam com escolas fora dessas áreas iniciais para capitalizar o interesse pelo projeto.

Ao todo, foram recrutadas 125 escolas, que ao longo do projeto contribuíram para avaliações periódicas e medição de desempenho. A divisão ficou em: 106 escolas primárias, 9 secundárias, 8 especiais e 2 escolas primárias e secundárias.

As avaliações obtiveram bons resultados ao longo da ação, tanto para os professores quanto para os alunos.

Entre os números divulgados pelas pesquisas estavam o aumento da prática de ensino em 79%; saúde e bem-estar 72%; desenvolvimento profissional 69%; satisfação no trabalho 69% e desempenho docente de 51%.

Para os alunos, as mudanças também foram significativas, os números mostram uma aceitação importante na apreciação das aulas, com um aumento de 95%; em relação a ligação à natureza foi de 94%; habilidades sociais 93%, envolvimento com a aprendizagem de 92%, saúde e bem-estar 92% e comportamento 85%.

Em conversa com as crianças e jovens sobre os impactos das atividades ao ar livre, 89% se sentiram felizes em realizar lições e outras atividades ao ar livre. Já 92% disseram ter gostado da nova forma de aprender.

O projeto divulgou algumas frases ditas pelas crianças ao longo do projeto: 

“Eu realmente gosto de coisas como história e esse tipo de matéria. Estar lá fora [fora da sala de aula], é poder realmente ver como as coisas são”.

“Apenas preso em uma sala de aula você fica limitado. Mas estar ao ar livre é estar ativo, você pode escalar árvores e aprender! ”.

Uma outra criança apontou que “envolver-se com a natureza é muito divertido, porque é possível estar apenas sentado lá fora [fora da sala de aula], fazendo um trabalho, e de repente vem uma borboleta e pousa em você, é demais! ”.

“Eu gosto de correr e cavar. É tão bom estudar assim. Além do mais, eu gosto de todos os sons que a natureza produz. ”

Para os professores, a principal razão para a relutância em estabelecer ligações diretas entre o aprendizado fora de sala de aula foi da falta de apoio. Mas mediante ao trabalho em conjunto, do suporte entre os criadores do projeto e o corpo docente das escolas, aos poucos os professores foram tomando confiança.

Os professores também foram ouvidos durante o programa. Veja algumas de suas falas sobre o projeto:

“Estar fora da sala de aula permite que a mente vagueie, fique criativa e mais aberta. ”

“Permita que as crianças tenham tempo e espaço para estarem ativas. É possível identificar benefícios físicos e de bem-estar mediante a capacidade de nos libertarmos da cadeira e da mesa”.

Em conclusão, o projeto Natural Connections Demonstration Project, que mostra os benefícios em proporcionar atividades ao ar livre para crianças e jovens, forneceu evidências de que um modelo bem distribuído para apoiar as escolas e professores em relações as barreiras locais e incorporar práticas simples ao currículo favorece tantos os alunos quanto professores. Você pode analisar todos os pontos em detalhes do projeto clicando aqui.